Ricardo Avancini
Texto base – 2Crônicas 14–16
Estamos vivendo uma geração que tem sido marcada pelo ato continuo de começar algo e não terminar. Muitas vezes começamos um novo alvo sem ter terminado o anterior. Simplesmente abandonamos. Acordamos de manhã e não sabemos se é isso que queremos mais fazer. Muitos tem trocado inúmeras vezes de curso superior, pelo simples fato de não ter “gostado” daquele. Desperdiçamos com isso, anos de preparação e sonho quando resolvemos abandonar um projeto por achar que não combinamos com ele. Frustramos nossos pais, nossos amigos, nossos familiares e a nós mesmos.
Na minha atividade profissional, trabalhei durante muito tempo recrutando pessoas, especialmente jovens para o mercado de trabalho. Quase sempre me deparava com o mesmo perfil – jovens que haviam parado de estudar ou que haviam terminado o ensino médio e achavam que já estava bom. Encontrava também pessoas que já haviam mudado de curso na faculdade várias vezes e não haviam terminado nenhum. Sentiam-se frustrados e despreparados para o mercado de trabalho. Ainda havia uma outra classe de pessoas – os “concurseiros”. Pessoas de 25, 30 anos que haviam parado tudo, inclusive de trabalhar, para estudar para um concurso. E quando a aprovação não vinha, a frustração mostrava seu lado mais implacável afastando aquele jovem do mercado de trabalho que considera não só seu currículo, mas também sua experiência profissional.
A importância de começar bem
Um dia li um trecho na Bíblia que me chamou bastante atenção: “Asa fez o que era bom e reto perante o Senhor seu Deus” (2Cr 14:2). O que me deixou curioso a respeito desse tal de Asa está no fato de que essa declaração foi feita no segundo versículo que fala sobre a vida dele. Então eu pensei: quem foi esse tal de Asa? Daí, fui lá conferir.
Asa foi bisneto de Salomão. Foi o terceiro rei após a divisão do povo de Deus em 12 tribos. Seus antecessores, seu pai e seu avô, haviam sido péssimos reis perante o Senhor. Com a morte de seu pai, Asa, primeiro na sucessão real, assume o trono e começa seu reinado sobre Judá. Asa inicia seu mandato experimentando algo raro naquele tempo: paz, e foram 10 anos!
Como eu disse, trabalhei muito tempo na área de recrutamento e seleção. Já li muitos currículos durante esse tempo todo. Alguns bons e outros nem tanto. Mas nenhum podia se comparar ao currículo de Asa. Logo de cara o homem é descrito como alguém que tinha feito o que era “bom e reto perante o Senhor seu Deus”. Note que ele não apenas fez o que era “bom e reto” como também o Senhor era o “seu Deus”. Essa declaração talvez passe despercebido aos seus olhos, mas ela é muito importante pois seus pais levantaram outros deuses para serem adorados entre o povo (1Rs 15:12). Asa promoveu uma verdadeira limpeza no seu reinado, retirando toda imagem de idolatria, altares a deuses estranhos e altares de incenso, e fazendo com que o povo buscasse ao Senhor Deus.
Asa era um homem de coragem.
A história nos conta que Asa experimentou 10 anos de paz. Como disse, paz era algo raro naquela época. E o mais interessante é que nesse período de paz, Asa não tirou férias. O que lemos é que Asa trabalhou, e muito. Edificou cidades fortificadas em Judá, enquanto havia paz. Olha o que ele disse depois de ter construído essas cidades fortificadas: “Edifiquemos estas cidades, e cerquemo-las de muros e torres, portas e ferrolhos, enquanto a terra ainda é nossa, pois buscamos ao Senhor nosso Deus; buscamo-lo, e deu-nos repouso de todos os lados.” (v. 6)
Aqui temos uma lição. Em momentos de paz, fortifique-se. Não é tempo de baixar a guarda. Ec 9: 8 diz: “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.” Percebe? Em todo o tempo!!! Não dá para saber quando virá o ataque, nem de que lado ele virá. Por isso devemos nos preparar para o dia mal. Jesus orientou seus discípulos dizendo: “Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada. Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a.” (Lc 22: 35, 36). Os dias são maus e nós precisamos estar atentos.
Mas um dia, a paz no reinado de Asa acabou. Zerá, o etíope, saiu contra eles com um exército de 1.000.000 de homens (v. 9). Asa tinha cerca de 580.000 homens. Ou seja, seria um massacre. Seria, mas não foi! Por que? Porque Asa clamou ao Senhor seu Deus dizendo: “SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. SENHOR, tu és o nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem.” Asa se lança nos braços do Senhor e experimenta o auxílio e o socorro do céu. Deus deu a vitória a Asa e seu povo, porque eles confiaram em Deus.
Após esse episódio, Asa recebe a visita do profeta Azarias que traz um recado do Senhor para o rei. “O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará. Mas sede fortes, e não desfaleçam as vossas mãos” (2Cr 15:2, 7). Quando ouviu estas palavras, Asa “cria coragem” (Bíblia Viva) e então promove uma segunda grande limpeza em seu reino. Lança fora todas as abominações e imagens que havia chegado através dos reinos que eles haviam conquistado, e renova o altar do Senhor na cidade. Depois disso Asa faz uma grande reunião – congregou todos de Judá, Benjamim, Efraim, Manasses e Simeão. Bem, estamos falando de um reino e eu imagino que essa reunião tinha gente, e muita gente! Então a Bíblia nos conta que todo o povo faz uma aliança, um voto, um compromisso de buscarem o Senhor de todo o coração e de toda a alma.
Agora pare um pouco e pense nisso! Imagine se a pessoa que ocupa a presidência do Brasil reunisse todos os brasileiros, dos quatro cantos do país, e estabelecesse que todos deveriam buscar à Deus, de todo o coração e de toda a alma. Imaginou? Pois foi exatamente isso que Asa fez.
Talvez agora comece a fazer sentido aquela declaração a respeito de Asa de que ele havia feito o que era “bom e reto perante o Senhor seu Deus”. E Asa não parou por aí. O seu compromisso era tão grande com Deus que Asa destituiu sua própria mãe da “dignidade de rainha-mãe” porque ela era idólatra. Além de destituir sua mãe, Asa também destruiu as imagens que ela adorava.
Tem um ditado popular que diz: Filho de peixe, peixinho é. Será? A resposta pode ser sim ou não. Mas em ambos os casos o “peixinho” precisará decidir. Um dia, conversando com o Pr. Iran acerca dos que nasceram no evangelho e dos que não nasceram no evangelho ele me disse: Os que não nasceram no evangelho, um dia precisarão tomar uma decisão: continuar no mundo ou servir à Deus. E os que nasceram, também farão uma decisão, se continuam a servir à Deus ou se querem ir para o mundo.
Asa decidiu não ser como seus pais. E aqui eu quero declarar sobre a sua vida que os erros que seus pais cometeram, você não precisa cometer. Sou filho de pais separados, mas nem por isso preciso repetir esse legado. Sou casado para sempre e odeio o divórcio. Decida! Hoje!
Sabe o que aconteceu com Asa? Não teve guerras até o trigésimo quinto ano do seu reinado. Mas antes de falar sobre isso, quero voltar na parte em que Asa dá um “chega-pra-lá” na sua própria mãe. Teve uma coisa que eu não te contei. Quando Asa estava destruindo todas as imagens de idolatria que sua mãe tinha, a Bíblia fala que Asa não destruiu os altares em que essas imagens haviam sido colocadas. Por que? A Bíblia não fala. Mas penso que isso não foi uma boa coisa. Sabe de uma coisa, Asa abriu uma brecha. Talvez ele tenha pensado que os altares não eram tão importantes, ou talvez ele tenha achado que eram bonitos e poderiam servir pra alguma coisa mais a frente, ou talvez ele tenha pensado que aqueles altares eram parte da história da sua família e por isso tinham um valor sentimental que ele queria preservar. Tudo isso são conjecturas, pois a Bíblia não fala o porquê dele não ter destruído tudo.
Seguir Jesus, ou não!!!
Lucas sim, conta o porquê de um certo jovem não querer seguir a Jesus. Vamos ver Lucsd 18:18–23.
Certo homem de posição perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. Replicou ele: Tudo isso tenho observado desde a minha juventude.
Ouvindo-o Jesus, disse-lhe: Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me. Mas, ouvindo ele estas palavras, ficou muito triste, porque era riquíssimo.
Os apegos à sua tradição, assim como toda a sua riqueza, fizeram esse jovem entrar pra história como alguém que não quis seguir a Jesus. E o que vemos hoje em dia são muitas e muitas pessoas decidindo não seguir a Jesus porque não querem abandonar o seu velho estilo de vida, ou aquilo que eles acham mais precioso, para receberem uma nova vida em Jesus.
A exemplo do dia em que Pedro e outros discípulos foram chamados a seguir Jesus e deixaram tudo imediatamente para fazer isso, Deus espera isso de nós também. Aqueles discípulos deixaram suas redes com as quais estavam pescando, e você, o que precisa deixar para seguir a Jesus?
Não termine mal
Trinta e cinco anos de paz se considerarmos que a batalha com os etíopes foi vencida pelo Senhor! Foi o que Asa experimentou. Eu não sei o que ele fez nesses anos todos depois que havia feito um pacto com o povo de buscarem ao Senhor. O que a Bíblia diz é que no trigésimo sexto ano, o rei de Israel chamado Baasa resolveu armar uma guerra contra a nação de Judá e se juntou com o rei da Síria por nome Ben-Hadade chegando. Dessa vez Asa agiu de maneira diferente. No lugar de buscar o auxílio do Senhor, Asa bola um plano, plano esse que não incluía a ajuda do céu. Asa toma prata e ouro dos tesouros do templo e envia juntamente com alguns mensageiros para Ben-Hadade com uma proposta: anule sua aliança com Baasa e junte-se a mim contra ele. Ben-Hadade aceita o suborno e o resultado foi que Baasa bateu em retirada e não houve guerra contra Asa e a nação de Judá.
Asa estava indo tão bem! Tinha buscado ao Senhor quando foi atacado pelos etíopes e logo após ver o Senhor comandar a vitória por eles, Asa recebe a visita do profeta que o impulsiona a orar mais, buscar mais e fazer com que o povo estabeleça uma aliança de buscar o Senhor de todo o coração. Mas dessa vez foi diferente. A resposta de Asa ao ataque do inimigo consistiu em fazer um acordo com ele. Asa negocia com o inimigo e vê uma aparente paz reinando em seu reinado.
Então Asa recebe mais uma vez a visita de um profeta – Hanani, que traz uma mensagem do Senhor dizendo:
Porquanto confiaste no rei da Síria e não confiaste no SENHOR, teu Deus, o exército do rei da Síria escapou das tuas mãos. Acaso, não foram os etíopes e os líbios grandes exércitos, com muitíssimos carros e cavaleiros? Porém, tendo tu confiado no SENHOR, ele os entregou nas tuas mãos. Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é TOTALMENTE dele; nisto procedeste loucamente; por isso, desde agora, haverá guerras contra ti (2Cr 16:7–9).
Asa recebe uma exortação do profeta e reage também de uma maneira diferente da primeira vez. No lugar de se aproximar do Senhor e propor ao povo que buscasse à Deus, Asa manda prender o profeta e passa a oprimir alguns do povo. Quanta mudança!
Jesus contou uma história de um jovem que começou errado, mas tomou a atitude certa para mudar sua história.
Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se (Lc 15:11–24).
Esse jovem, sem nome, começou tudo errado. Primeiro pede a sua parte na herança, atitude essa que representava que ele não precisava mais de seu pai, e que na verdade podia significar até que seu pai havia morrido para ele. Após conseguir o dinheiro, o jovem vai curtir a vida e gasta tudo rapidamente. Mas um dia, aquele jovem cai “na real” de que havia cometido muito mais do que uma criancice para com seu pai—ele havia magoado o coração de quem sempre tinha lhe dado amor. Então ele se levanta, ensaia um discurso de arrependimento, abandona o orgulho e parte em direção a casa de seu pai. Jesus contou essa parábola para descrever o coração de Deus quando vê um de seus filhos voltando pra casa. O pai corre ao ver o filho vindo pela rua em direção de sua casa. O filho então se arrepende e recebe um carinho e o consolo do pai, sem fala na grande festa que recebeu.
Quero te dizer uma coisa: o coração de Deus não mudou. Ele continua no portão esperando um sinal de que vamos voltar. Ele corre na nossa direção para nos ajudar no caminho de volta. Mas acontece que precisamos decidir voltar.
Ao ser repreendido pelo profeta, Asa poderia ter se arrependido e ter experimentado o que o jovem filho pródigo experimentou: perdão. Ao invés disso, Asa endureceu o coração. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração” (Sl 95:7,8). Conta a história que três anos depois Asa teve uma grave doença em seus pés e mesmo assim não quis buscar ao Senhor, mas buscou apenas os médicos. Dois anos depois, Asa morreu entrando para a história como um homem que começou certo, mas terminou errado.
Hoje você tem a oportunidade de mudar a sua história. Não sei como você começou – se certo ou se errado. Mas uma coisa eu sei: você pode continuar certo, e certo até o fim!
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Fp 1:6).
…e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28: 20).
Termino com uma música que nos mostra que podemos sempre recomeçar em Cristo Jesus:
Dizem que a esperança se foi e que morreu,
E que não há tempo pra recomeçar.
Que meus planos não foram dados par realizar,
Que meus alvos são muito altos pra alcançar.
Mas em Jesus, minha vida só está por começar,
Sua benção sobre o meu caminho está
Meu destino e identidade em Deus vou viver.
Eu vou viver
Ele é a força pro fraco vencer
Por isso eu vou viver.” (Esperança | Ricardo Garcia – Adore Music)