PORNOGRAFIA…NÃO É APENAS UM FILME
Paula O’Neil
Sexo
A palavra “sexo” recebe mais de quatro milhões de pesquisas no Google a cada ano, tornando-se uma das palavras mais procuradas de todos os tempos. (Fonte: http://www.just1clickaway).
Sexo, em geral, é definido como:
- Diferença física ou conformação especial que distingue o macho da fêmea (ex.: sexo feminino, sexo masculino);
- Conjunto dos indivíduos que têm o mesmo sexo (ex.: vestiário para o sexo feminino).
É muito provável que você ao escutar a pergunta ‘O que é sexo?’ enrubesça, gagueje e, sinta-se tão desconfortável conseguindo apenas mencionar algo definido sobre como os bebês são gerados, podendo, cautelosamente, pronunciar as palavras “pênis” e “vagina”. Segundo a autora Shannon Ethridge, Deus nos criou como seres sexuais. A feminilidade ou masculinidade é a expressão inerente do ser humano. Por decisão divina, nascemos homem ou mulher, com papéis e funções bem definidas, desde o ventre materno. Todavia, há pessoas cuja sexualidade não está completamente integrada ao restante de sua personalidade. Por alguma razão – vergonha, trauma, insegurança ou mero desconforto – o indivíduo pode segmentar sua sexualidade do restante do seu ser. Esta atitude pode acarretar em um comportamento impulsivo, egoísta, irresponsável e danoso, para si ou para os outros.
A palavra integridade é definida como o caráter daquilo a que não falta nenhuma das suas partes. Ser uma pessoa íntegra significa não ser dividida, isto é, que todos os aspectos da vida do indivíduo estão alinhados e em harmonia uns com os outros.
A sexualidade humana, segundo Shannon, é composta de quatro dimensões distintas: física, mental, emocional e espiritual. Essas quatro partes ajustadas entre si formam o aspecto sexual de um indivíduo designado por Deus. Quando essas quatro dimensões estão em perfeito alinhamento, a sexualidade desta pessoa estará novamente integrada e em perfeito equilíbrio.
Pornografia
A definição de pornografia pode ser melhor entendida quando juntamos as duas palavras que lhe dão origem, porneia e grafo. Assim, pornô mais grafia, é a descrição da imoralidade grafada ou escrita, impressa seja em forma de literatura, fotos, representações, filmes, vídeos e outras formas. Porneia significa imoralidade, prostituição, incastidade, etc. Então, a pornografia sendo a imoralidade escrita, retratada em material impresso, ou em forma digital, tem sido amplamente explrada no mercado e no turismo sexual, movimentando grande parcela das economias mundiais.
Então, pode ser também entendida como o estudo ou descrição da prostituição; a descrição ou representação de coisas consideradas obscenas, geralmente de caráter sexual; qualquer coisa (livro, revista, filme, etc.) de aparência sexual com intenção de provocar excitação; ação ou representação que ataca ou fere o pudor, a moral ou os considerados bons costumes.
Vivemos numa sociedade altamente erotizada. Para vender qualquer coisa, de um cafezinho a um imóvel, a indústria se utiliza de modelos voluptuosas em posições sugestivas. Todos, homens e mulheres, crianças e adultos, somos bombardeados por mensagens e propagandas que apelam à sexualidade desmedida.
Após passar certo período exposto a este tipo de influência, é ‘esperado’ que o indivíduo queira ir além. Assim, dentro deste estado moral, a pornografia é apenas mais um passo. Contudo, esta atividade é extremamente nociva aos seus praticantes, constituindo-se numa porta de entrada para práticas mais graves e, por vezes, criminosas. A seguir, alguns dados acerca da atividade pornográfica extraídos do sítio just1clickaway:
- A idade média em que uma criança vê pela primeira vez a pornografia é 11 anos.
- Uma de cada quatro buscas na internet são de pornografia
- A cada segundo 30.000 pessoas estão vendo pornografia
- O uso da pornografia aumenta o índice de infidelidade matrimonial em mais de 300%
- Em 56% dos divórcios um dos cônjuges teve interesse obsessivo em sítios pornográficos
- 35% dos downloads de internet são pornográficos.
O desejo pornográfico é insaciável, ou seja, quanto mais se acessa, mais se deseja. E a razão disto é que a pornografia promete uma intimidade e não a entrega, o que ocasiona imensa frustração e acaba por levar o praticante à busca incessante por mais pornografia, num ciclo sem fim. Por isso a pornografia é a falsificação da intimidade.
Percebendo que seu desejo não será mais satisfeito com conteúdos que o iniciaram na pornografia, o pornógrafo vai à busca, então, de ‘materiais mais pesados’, passando a um grau de perversão cada vez mais degradante. Logo, esta pessoa tornar-se-á um escravo espiritual de suas práticas, caminhando num espiral de lascívia autodestrutiva.
Em Mateus 5:28 Jesus diz: “Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.” Tendo em vista tal afirmação, pode-se afirmar que é impossível assistir a um filme erótico sem cometer o pecado descrito por Cristo.
Eventualmente o pornógrafo, ao constatar que jamais ficará satisfeito em apenas observar, avança para um nível de atuação real. É observado que os que trilharam este caminho asseveram que a pornografia alimenta a pedofilia, o adultério, o estupro, a prostituição, o bestialismo e tantas outras práticas sexuais insanas e pecaminosas.
Há relatos de diversos agressores sexuais que confessam terem sido estimulados e sustentados por fantasias pornográficas. Existem casos onde o agressor de tanto fazer uso de material pornográfico se tornou pedófilo ou um até mesmo um assassino. A pornografia atinge todas as classes sociais. Não distingue sexo, idade, cor, religião, cultura ou valores.
Comportamento cristão
Como dito anteriormente, o ambiente social atual caracteriza-se por uma erotização exacerbada. Uma consequência desta contínua exposição é o desenvolvimento de uma cultura completamente permissiva. Tudo pode hoje em dia. O homossexualismo é cada vez aceito com mais naturalidade, os casos extraconjugais são banalizados, o sexo casual é praticado sem qualquer cerimônia e os atos sequenciais de “ficar”, ter relações sexuais e terminar é visto como corriqueiro.
De acordo com Mark Driscoll, as pessoas estão se casando cada vez mais tarde e ficando casados menos tempo do que nunca. A referência de homem deturpou-se ao longo do tempo, indo do homem maduro, pai de família e responsável para alguém inconsequente, irresponsável e escravo de seu próprio ventre.
Inseridos neste meio, muitos homens cristãos deixam-se levar e tornam-se escravos da luxúria pornográfica e vivem em uma culpa silenciosa, que impede seu crescimento pessoal em Cristo e no ministério. Além disso, o número cada vez maior de líderes cristãos que acabam nas manchetes dos jornais, por causa de pecados sexuais, contribui para manchar a reputação de Jesus Cristo e diminuir a credibilidade da Igreja.
1 Co 6: 12-20
Cristãos presos à pornografia enfrentam grandes batalhas, pois ao mesmo tempo em que se envolvem com esta prática também oram a Deus em busca de libertação sem, contudo, alcançarem uma real solução para seus problemas.
A identidade recebida do Senhor para todos nós que nascemos Dele se quebra quando pecamos e se restaura quando nos arrependemos. A permanência no pecado nos impede de sermos quem Deus nos formou para sermos Nele. Quando Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”(Lc 9:23). Ele nos pede que renunciemos à própria carne e não quem somos Nele. Tomar nossa cruz é ter consciência de que não será fácil, de que todos os dias nos levantaremos e teremos que dizer não ao inferno, tomando nossa cruz, ou seja, nos desviando do caminho que nos leva para longe Dele, nos esforçando para andarmos segundo a Sua vontade.
A busca pela nossa identidade Nele nos leva a ter mais intimidade com o Senhor e a estabelecer uma vida de santidade. Somente um arrependimento genuíno é capaz de provocar uma mudança radical na alma destas pessoas. Sem o reconhecimento de que esta prática é pecado e afasta a presença de Deus, não é possível haver transformação no coração que gerará o arrependimento, chave para uma vida longe da pornografia.
Todo ser humano tem que se decidir a quem ele irá se submeter: à carne ou ao espírito. Conforme está escrito em Gálatas 5: 16-17 “…Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro.” De fato, a carne representa nossos desejos para a satisfação imediata, para os atalhos da vida, para aquilo que é mais cômodo e instantaneamente prazeroso. Por sua vez, o Espírito, neste contexto, significa os desígnios de Deus, Seu caminho e Sua vontade. Assim, fica claro que ou se obedece a um ou a outro.
É verdade que quando não há tentação sobre a carne, a obediência ao Espírito fica facilitada. O problema surge quando ela, a carne, é posta à prova. Contudo, Jesus Cristo venceu a carne. Ele Sentiu a dor, a vergonha e a opressão de toda a humanidade, i.e., as consequências do viver “pela carne”; mas, no final, Ele foi vivificado pelo Espírito, tendo sido ressuscitado. Foi a vitória definitiva do Espírito sobre a carne. Agora, cabe a cada um crer nisso e obedecer a Ele, a fim de ter sua carne submetida ao Espírito.
1 Pe 4:1-2
O cristão deve sempre ter em mente que o inimigo de nossas almas quer nos destruir totalmente. Enquanto aquele não morrer para suas práticas pecaminosas, ou seja, para o mundo, será continuamente alvo de Satanás, que continuará sua obra de destruição e morte.
Quando sobrevier a tentação, jamais deverá o cristão dizer: “Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tg 1.13-14)
Contudo, vemos em 1 Coríntios 11:7 que os homens de Deus, são a glória de Deus projetando-se como um facho de luz sobre um mundo pervertido e sombrio. Esta é a razão pela qual um homem de Deus não pode se deixar levar por desejos sexuais impuros, como fazem aqueles que não conhecem a Cristo. Essas palavras precisam entrar no coração e criar raízes profundas: O homem é a imagem e glória de Deus: Ele não é um ser irracional, depravado, viciado ou uma vítima, ao contrário, ele é a glória e imagem de Deus! A obra de Jesus Cristo, completada na cruz do Calvário, tornou possível esta realidade. A expiação dos pecados realizada por Ele inclui o da perversão sexual.
Cl 2:13-15
Para tornar-se santo e redimido aos olhos de Deus, basta haver um arrependimento verdadeiro. E não importa o grau de envolvimento em práticas impuras ou a frequência destas, o sacrifício do Messias é capaz de remover toda a iniquidade e purificar o homem de toda vergonha, culpa e pecado.
1 Jo 1:9
Não é possível vencer estas tentações com autodeterminação ou simples força de vontade. A única maneira de estar acima destas paixões é render-se ao senhorio de Cristo e tornar-se um verdadeiro homem de Deus. Só assim a graça de Deus trará poder para viver com Jesus e como Jesus
Tt 2:11-12
Esta sobrenatural graça de Deus não camufla os erros, não tenta minimizá-los, nem procura aceitá-los como algo inerente à natureza humana. Ao contrário, ela capacita o ser humano a exterminar o pecado de sua vida, de modo a torná-lo morto para esta condição e vivo para Cristo.
Rm 8: 13-14
Os verdadeiros homens de Deus não devem buscar apenas sua própria redenção e santidade. Devem ter em mente a missão designada por Deus, qual seja a de testemunhar com suas vidas a mudança radical operada por Jesus Cristo, levando à salvação e à redenção de uma multidão de homens perdidos.
“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo, em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus, e que nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão, porque o Senhor, contra todas essas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e, sim, em santificação. Destarte, quem rejeita estas coisas não rejeita ao homem, e, sim, a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo” (1 Ts 4: 3-8).
Abuso sexual
O abuso sexual acontece pela utilização do corpo de uma criança ou adolescente para a satisfação sexual de um adulto, com ou sem o uso da violência física, podendo se manifestar dentro ou fora do ambiente familiar. Também constitui características desse tipo de crime o ato de desnudar, tocar, acariciar as partes íntimas, levar a criança a assistir ou participar de práticas sexuais de qualquer natureza.
O Abusador
Apenas por uma questão conceitual se fará neste ponto a diferença entre abusador e pedófilo, porque todo pedófilo é abusador, mas nem todo abusador é exclusivamente um pedófilo. O pedófilo possui atração sexual apenas por crianças. Já o abusador, não possui um perfil definido para satisfação de seu desejo sexual, mas pela vulnerabilidade a que as crianças estão expostas, elas se tornam na maioria das vezes suas vítimas. Neste contexto usaremos apenas o termo “abusador”, de forma genérica, para tratarmos da pessoa que pratica o abuso sexual.
Algumas ocorrências comuns apontam que o uso de drogas/álcool, histórico de outros crimes, de maus tratos e abuso na infância, são ocorrências muito comuns no perfil do abusador. Além disso, os abusadores são na maioria heterossexuais, pessoas aparentemente normais e próximas das crianças. Em mais de 90% dos casos a vítima conhece o abusador porque é o pai, avô, tio ou vizinho. É importante ressaltar que o abusador usa da relação de confiança com a vítima para agir e que raramente confessa o crime. Cabe ressaltar que o abusador normalmente está infiltrado em atividades relacionadas a crianças.
A pergunta crucial deste assunto é: “Como começa o abuso sexual?” Segundo diversos estudos, a resposta é com uma tentativa de aproximação do algoz em relação à criança e, por vezes, à sua família. O abusador usa de conhecimento de desenhos animados populares, personagens de revistas em quadrinhos, grupos de música conhecidos dos pequenos para criar empatia. Muito comum também é a oferta de presentes e passeios como meio de ganhar a confiança da vítima. Ao perceber que este degrau foi vencido, ele se sente confiante em ir além.
Presente na maioria dos lares da atualidade, a internet representa uma potencial porta aberta para a entrada dos abusadores. Este ambiente proporciona várias condições que se adéquam bem à perpetração de seus crimes: Possibilidade de utilização de falsas identidades e sensação de proteção para o cometimento de crimes (anonimato) são, muitas vezes, o aval que estes agressores precisavam para agir. Ainda cabe citar que, sem a supervisão de um adulto, a criança poderá acessar involuntariamente ou não conteúdo impróprio à sua idade. A solução indicada para estes casos, além da já mencionada vigilância dos pais, é a instalação de um software que sirva de filtro para negar acesso a estes sites.
Uma atitude que deve ser observada com atenção pelos pais é quando um adulto que exerce uma atividade junto às crianças, como por exemplo, um monitor de escola infantil ou um professor de escolinha de futebol, tenta encontrá-las além das fronteiras da atividade. Esta é uma forma de o abusador se infiltrar no lar, ganhar intimidade com a criança e a confiança dos pais. O mais alarmante é que 65% dos abusos acontecem na própria residência da criança, e em 96% dos casos o agressor usou só o convencimento para abusar da vítima, restando apenas 4% dos casos em que houve a necessidade do emprego de armas.
Outro dado é que, apesar da maioria dos abusadores sexuais serem do sexo masculino, quando se trata de maus tratos, negligência ou abandono é o sexo feminino (mães) quem lidera o ranking.
Os dados apontam que uma vez iniciado o processo do abuso, ele não cessa logo na primeira ocorrência. E por quê? Primordialmente devido a um mecanismo especialmente cruel, denominado a “Lei do Silêncio”. É nela que o abusador se fia para poder dar continuidade a seus atos libidinosos e criminosos. A “Lei do Silêncio” é a situação em que a criança que foi abusada sexualmente é obrigada a se calar. Para conseguir este comportamento cúmplice, normalmente o abusador utiliza-se das seguintes ferramentas:
- Uso de ameaças, coagindo sua vítima a se calar;
- O estabelecimento de culpa junto à vítima, fazendo-a crer que ela ocasionou a situação, afastando o perigo da denúncia em razão da vergonha que passa a existir na criança;
- Ameaças de desintegração da família, gerando grande angústia no menor;
- Satisfação de necessidades e desejos da criança pelo abusador, acarretando numa diminuição das possíveis barreiras a serem levantadas pelo menor, vez que este se sentirá como um devedor em relação ao pedófilo, em razão da atenção por este dispensada.
Essas ferramentas visam a afastar o perigo da denúncia em razão da vergonha que a criança passa a ter. Algo de gravidade extrema ocorre quando a criança alvo destas agressões conta a um adulto esta situação vivenciada por ela e ele, por achar seu relato tão absurdo ou por um simples comportamento de negação da realidade, não toma qualquer tipo de providência. Esta atitude, na realidade, é tão ou mais danosa que o próprio abuso em si, pois representa o término de qualquer esperança para a cessação dos abusos. É fundamental entender que o silêncio sempre protege os abusadores e não as vítimas.
Sísmbolos da pedofilia
O FBI produziu um relatório sobre pedofilia. Nele são descritos uma série de símbolos usados pelos pedófilos para se identificar. Os pedófilos utilizam os símbolos em jóias, moedas, websites, bijuterias, troféus, adesivos. Os triângulos representam homens que gostam de meninos (o detalhe cruel é o triângulo mais fino, que representam homens que gostam de meninos bem pequenos); o coração são homens (ou mulheres) que gostam de meninas e a borboleta são aqueles que gostam de ambos.
Algumas imagens dessas apreensões feitas pelo FBI.
Os Pais
Segue-se uma lista de atitudes comportamentais que, se adotados pelos pais, geram janelas de oportunidades para a ação de abusadores em relação a seus filhos. São chamados de fatores de risco relacionados aos pais:
- Não possuem vínculo emocional com os filhos;
- São omissos em relação aos filhos;
- Negligenciam a família;
- Subornam os filhos para que eles tenham um tipo de comportamento esperado pelos pais. (abusadores possuem o mesmo perfil);
- Possuem uma postura de rejeição aos filhos;
- Foram vítimas de violência doméstica;
- Possuem histórico de transtornos mentais;
- Foram vítimas de abuso sexual;
- Possuem envolvimento com pornografia.
Neste ponto, serão descritas atitudes positivas que os pais devem adotar em relação a seus filhos no sentido de minimizar este risco.
- Orar por eles;
- Trazer Deus para o lar;
- Dialogar com os filhos;
- Não censurar, criticar ou culpar a criança ou adolescente vítima de abuso sexual;
- Estar bem informados sobre a realidade do abuso sexual contra as crianças;
- Ouvir seus filhos e acreditar neles por mais absurdo que pareça o que estão contando;
- Dispor de tempo para o seu filho e dar-lhe atenção;
- Saber com quem seu filho está ficando nos momentos de sua ausência;
- Conhecer seus colegas, os pais deles, os responsáveis pela creche, pela escola, pelos programas de férias, o seu pediatra, o conselheiro religioso, a empregada e a babá procurando informa-se sobre como lidam com a questão da violência e do abuso sexual;
- Lembrar-se de que o abuso sexual pode ocorrer ainda nos primeiros anos da infância e adotar as seguintes medidas;
- Entre 18 meses e 3 anos, ensine aos seus filhos o nome das partes do corpo;
- Entre 3 e 5 anos, converse com eles sobre as partes íntimas do corpo, falando sobre a diferença entre ”o bom toque e o mal toque” e quando dizer “não”;
- Após os 5 anos a criança deve ser bem orientada sobre sua segurança pessoal e alertada sobre as principais situações de risco;
- Após os 8 anos deve ser iniciada a discussão sobre os conceitos e as regras de conduta sexual que são aceitas pela família e os fatos básicos da reprodução humana.[1]
A frase seguinte deve estar sempre ecoando nos corações dos pais: “Queremos dar tantas coisas materiais para os nossos filhos, queremos proporcionar coisas boas como ensino, lazer, atividades extras, boa alimentação, roupas novas, brinquedos, mas se criarmos um bom relacionamento de confiança, de respeito e de afeto nossos filhos serão verdadeiramente crianças prósperas.”
Um dado relevante diz respeito às mães solteiras. Há aí uma possível fragilidade a ser explorada pelo abusador. Devido ao fato de a criança não conviver com uma figura masculina, não possuindo assim uma referência em que se espelhar, pode acontecer que a mãe, a fim de suprir esta carência, permita que homens não pertencentes à família passem longos períodos com seus filhos, criando assim uma possibilidade em potencial para um abusador agir.
As Crianças
A baixa auto-estima (xingamentos, deboches…), a falta de supervisão e monitoramento, o isolamento social, a timidez excessiva e a falta de conhecimento sobre educação sexual constituem fatores de risco para própria criança. Esses pontos foram traçados por um autor americano, abusador, preso e que tornou-se especialista em criminologia.
A criança que sofreu abuso sexual costuma apresentar sintomas que indicam que algo está errado. Normalmente há mudança de humor, problemas na alimentação não observados anteriormente (bulimia, anorexia, gula, perda de apetite), sono perturbado, isolamento, alteração no desempenho escolar, percepção antecipada da sexualidade, mudança na aparência para não atrair o abusador (meninas se masculinizam e meninos se enfeminizam). Além disso, deve-se atentar para a mudança brusca na forma de brincar.
De acordo com informações do Projeto Tartanina, 30% das crianças maltratadas produzirão violência contra os seus filhos e 70% dos pais que maltratam seus filhos foram maltratados quando criança.
As crianças vítimas de abuso sexual costumam sofrer também outros tipos de violência, podendo apresentar problemas de crescimento e de desenvolvimento físico e emocional. Elas tendem a sentir muita culpa e a ter baixa auto-estima, sendo mais vulneráveis à ideias e tentativas de suicídio. Muitas saem de casa quando os abusadores são os pais ou padrastos, passando a viver nas ruas, sendo expostas a agressões e à cultura da delinquência. Os efeitos do abuso vão além da depressão na infância, sendo que grande parte delas costuma sofrer de enfermidades psicossomáticas e sexualmente transmissíveis. Se não forem tratadas, na vida adulta tenderão a ter dificuldade de desenvolver relacionamentos sociais e alcançar objetivos profissionais. E ainda terão que lidar com provável impotência sexual ou frigidez, havendo ainda uma grande tendência à promiscuidade, pois o senso de valor próprio é perdido ao longo da história de volência.
Pesquisas apontam que 15 crianças são vítimas de algum tipo de violência a cada hora no Brasil. A tabela abaixo indica que a faixa etária mais vulnerável ao abuso sexual é a de 0 a 9 anos, mas esse tipo de abuso não desaparece quando a faixa etária aumenta. Ele apenas diminui em relação a outras formas de abuso talvez pelo fato de que em uma faixa etária maior, a vulnerabilidade, de certa forma, diminui. Porém deve-se considerar que o silêncio também pode ser a razão da diminuição destes números.
Maiores violências sofridas por faixa etária:
0 – 9 anos | 10 – 14 anos | 15 – 19 anos |
Negligência ou |
abandono: 36%Violências física: 13,3%Violência física: 28%Violência sexual: 35%Violência sexual: 10,5%Violênciapsicológica: 7,6%Outros: 29%Outros: 76,2%Violência sexual: 5,2%——————Outros: 58,9%
fonte: viva sinan/svs/ms – 2011 (dados preliminares).
O que fazer diante de uma situação de abuso?
Primeiramente, deve-se recordar que o silêncio sempre protege os abusadores e não as vítimas. Assim, quem ouvir de uma criança que ela está sendo abusada, não deve prometer que não irá contar a ninguém, mas deve instruí-la de que o segredo será compartilhado com pessoas de confiança, além de agradecer a ela a confiança depositada, sem jamais compartilhar do complô do segredo.
Ainda é útil saber que o denunciante pode exigir o anonimato e que a mera suspeita de haver um caso de abuso sexual infantil já autoriza o registro da denúncia.
- Os órgãos competentes para receber uma denúncia de abuso sexual infantil são:
- Disque 100;
- Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social;
- Conselho Tutelar;
- Polícia Civil 197;
- Ministério Público.
Ainda é possível realizar a denúncia pela Internet, no endereço: http://www.safernet.org.br/site/denunciar
Deve-se ter em mente de forma clara que é possível uma vítima de abuso sexual ter uma vida normal após o término deste pesadelo; contudo é necessário percorrer as várias etapas do processo: acompanhamento médico, psicológico e espiritual. Assim a vítima poderá compreender o que ocorreu, aprendendo a se proteger de possíveis situações abusivas futuras.
O caminho para a cura passa pelo “vale da sombra da morte”. Assim, para que Deus possa agir, é necessário que a vítima exponha suas feridas e a condição do seu ser, superando a desconfiança existente em razão de antigas quebras de alianças. Vencida esta dolorosa etapa e estando tudo diante de Deus, deve-se aguardar pacientemente a sua resposta. Cabe lembra que Ele prometeu que não esmagaria a cana quebrada e nem apagaria a torcida que fumega (Is. 42: 3).
Jesus também se identificou com a vítima de abuso
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro; e, como a ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca” (Is 53.7).
Isaías 53 relata que Jesus, também, sofreu em silêncio humilhações, opressão, deboche, violência verbal e física, principalmente no momento de seu calvário. Ninguém melhor do que Jesus para saber exatamente o que a vítima de abuso sente ao ficar calado. Jesus passou voluntariamente por essas situações de abuso com o propósito de nos trazer a salvação por meio da cura, restauração e libertação. Ele nos deu a esperança de vida em abundância por isso é fundamental saber que mesmo cuidando da parte médica e psicológica, sem Deus nada poderá ser feito.
“…Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim.” parafraseando: “se eu não me esquecer das coisas que para trás ficam, eu não conseguirei avançar para as que estão diante de mim.” assim, é necessário que a vítima reconheça a necessidade de buscar em deus a quebra dos padrões emocionais e comportamentais, porque “nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8.39).
[1] (Fonte: adaptado de textos da American Academy of Pediatrics do site http://www.aap.org/family/csabuse.htm)