Daniel Rincon
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século ( Mateus 28:18–20).
Estas foram as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos. Parece-nos ser este um dos pontos culminantes do Novo Testamento. É como se o Senhor estivesse todo o tempo preparando o terreno para chegar nesse ponto. Ou seja, depois de fazer tudo o que o Pai lhe encomendara e de ensinar seus discípulos, finalmente o Senhor podia dar esta ordem: “…Fazei discípulos … ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”.
Será que podemos negligenciar esta ordenança? Ou podemos cumpri-la de qualquer jeito, ou ainda, da maneira que acharmos melhor? Não, com toda certeza, não. Devemos cumpri-la à risca e da melhor maneira possível.
Cristo, já ressuscitado, deu esta ordem aos Seus e que se estende até nós. Temos utilizados muitos nomes para designar alguém que é de Cristo. Alguns desses termos são: crente, convertido, salvo e discípulo. Eles se referem a uma mesma pessoa, sendo que, cada termo salienta um aspecto diferente da vida ou experiência desta pessoa com Cristo:
- Crente: aquele crê;
- Salvo: o que foi liberto da condenação e do poder do pecado;
- Convertido: que passou por uma transformação de mente e de atitudes;
- Discípulo: seguidor e praticante dos ensinos do mestre.
Entender essas diferenças é importante, senão viveremos em confusão. Por qual motivo?
Porque é comum encontrarmos pessoas que se dizem convertidas, crêem sinceramente que são salvas, mas que dizem que seu alvo é, simplesmente, serem submissas a Cristo. O seu desejo é “um dia” serem consagradas e totalmente entregues ao Senhor. Ora isso é uma grande contradição, pois como alguém é convertido, se não se entregou total e incondicionalmente à Jesus Cristo (Mt 7:21), renunciando a tudo quanto tem (Lc 14:33), a própria vida (Lc14:26) e fazendo tudo o que Ele manda (Lc 6:46)?
Aquele que pretende ser um convertido sem ser um discípulo, não encontra respaldo nas escrituras. Um convertido não é apenas um crente. É mais, é um discípulo.
Na igreja primitiva todo convertido era um discípulo. Todos os que criam em Jesus eram chamados de discípulos e ser um destes significava ser alguém salvo por Jesus e que havia deixado tudo por Ele e, também, fazia tudo por Ele.
Podemos nos referir a uma pessoa que está no Reino de Deus usando qualquer um dos termos que aparecem nas escrituras, mas devemos compreender claramente o significado de discípulo e até usá-lo com mais frequência porque é o mais abrangente. Expressa com mais exatidão a realidade da vida de alguém que pertence ao Reino de Deus e é o nome que Jesus, os apóstolos e os primeiros irmãos usaram. Discípulo aparece 260 vezes no Novo Testamento e crente 15 vezes.
Reforçando, um discípulo é alguém que aprende, vive o que aprende e o comunica a outros. Alguém que prioriza seu Mestre.
Vejamos quais foram algumas atitudes de alguns homens que foram chamados por Cristo, para Lhe seguir e se tornaram discípulos verdadeiros.
“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.
E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.
Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os.
Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram.” (Mateus 4: 18-22).
Ao serem chamados, Pedro e André o seguiram Imediatamente e Tiago e João no mesmo instante. Que presteza e prontidão! Não ficaram pensando e nem a aposentadoria para atender ao chamado. Interessante também é que eles nem perguntaram para onde iam, pois estava evidente que era uma ordem do Senhor.
Judas também foi um dos escolhidos, como podemos ver em Lucas 6.12-16, mas se perdeu porque nunca se tornou discípulo verdadeiro.
Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.
A prontidão deles foi algo maravilhoso e de muito valor porque também implicava em ter que deixar tudo, todos os planos e projetos humanos e obedecer a Cristo plenamente. Ou seja, não bastava somente seguir a Jesus, teriam que se compromissar verdadeiramente e incondicionalmente.
Agora vamos Imaginar: Se Jesus estivesse ainda conosco fisicamente e nos chamado, qual seria a nossa reação? Estamos trabalhando normalmente e, de repente, chega Jesus e nos dá essa ordem: Largue tudo e siga-me!. Seria uma “loucura”. Tumultuaria e viraria nossa vida de ponta cabeça.
Hoje em dia, mesmo não sendo necessário largar “tudo” (nossos trabalhos, nossa família) para seguir a Cristo, seria também um tumulto, uma dificuldade. O mundo, com suas estratégias, vai, pouco a pouco, nos envolvendo, nos levando a trabalhar mais, a buscar mais dinheiro, mais conhecimento, um corpo mais definido e várias outras necessidade artificiais e vaidosas.
Ficamos com tão pouco tempo, que não interagimos com os amigos, não temos comunhão com os irmãos, não vivemos plenamente com nossa família e, às vezes, não ter nem tempo para Deus. Ficamos demasiadamente envolvidos nesse mundo. Jesus nos orienta sobre isso em Lucas 9:57-62:
Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.
Podemos e temos de estudar, trabalhar, constituir família, divertir, viajar, mas não podemos esquecer que somos discípulos e que a nossa prioridade é Cristo Jesus e sua missão para nós.
Características do discípulo
Amar a Jesus sobre Todas as Coisas.
Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lucas 14.26)
Jesus não admite fazer parte da sua vida em segundo lugar. Aborrecer significa que quando fazemos a vontade de Deus, muitos não compreendem, e criticam ou até lutam para que não façamos a vontade de Deus. Devemos negar a nós mesmos para fazer a vontade de Deus. Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24).
Renunciar a Tudo Quanto Tem.
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.33).
Muitos procuram em primeiro lugar os bens materiais, propriedades, dinheiro, projetos e ideias. Só tem tempo para as coisas desta vida. Em Mateus 16: 26 diz: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?”.
Não devemos deixar de viver nossa vida, em nosso trabalho, com nossa família, mas devemos entregar as primícias para Deus. Enquanto buscarmos somente os bens materiais, somos pobres e inúteis.
Obediência a Palavra de Deus.
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos (João 8.31).
Permanecer na palavra significa se submeter a palavra de Deus. E isto quer dizer: ouvir e obedecer. Não basta só acreditar ou até achar que as palavras de Jesus são sinceras e verdadeiras. É preciso conhecer e obedecer a sua Palavra. Lucas 6.46: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?”. O conhecimento e a pratica da palavra de Deus devem ser evidentes na vida dos discípulos.
Amar como Ele Amou.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (João 13.34-35).
Muitos amam o próximo como o mundo ama. Entretanto, é necessário amar com o amor de Jesus, o amor ágape (incondicional, aquele que não espera retorno). Amar os irmão, amar o próximo, amar os inimigos. O amor deve ser a nossa principal motivação. Expressar o amor de Jesus através de nossas atitudes, não só no sentimento.
Multiplicar a Vida de Jesus.
Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. Dar frutos significa reproduzir a vida de Jesus primeiramente em nós, e depois nas outras pessoas. Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda (João 15.7–8, 16).
Só da fruto aquele que permanece na videira, em Cristo. O discípulo permanece em Jesus, a palavra permanece no discípulo, o discípulo dá fruto e o fruto permanece. Todas estas características tem em comum, a prioridade que o discípulo tem por Deus e o seu reino. Mas como priorizar? Como fazer isso no dia a dia, de forma prática e perseverante?
Estabelecendo prioridades
Estabelecer prioridades é eleger o que vem em primeiro lugar, ou seja, o que mais importa para nós. Por isso, uma prioridade é algo que toma lugar de outras coisas em nossa vida. Pode ser qualquer coisa que ocupe o primeiro lugar em nossos pensamentos ou em nossa agenda. Mas mesmo sem planejar, sem ter uma agenda de compromissos pré estabelecida, temos prioridades. Por este motivo, é muito importante que as estabeleçamos corretamente. Quando nós seguimos a liderança do Espírito Santo, Ele nos ajuda a organizá-las.
Acredito que uma das razões das pessoas perderem a paz emocional, não conseguindo alcançar o que desejam, é por não priorizarem ou perderem o foco de seus principais objetivos.
A palavra de Deus diz que somos feitos para ter uma vida valorosa e correta, com propósito e não como néscios ou insensatos, mas como os sábios (pessoas sensíveis e inteligentes), utilizando bem o seu tempo (remindo o tempo), porque os dias são maus. (Efésios 5:15-16). Podemos investir nosso tempo e nossa atenção em muitas escolhas. Sem objetivos claros podemos ficar paralisados na indecisão.
Algumas decisões são mais fáceis de tomar, pois, por serem coisas ruins já sabemos que temos que evitar. De qualquer forma, algumas vezes teremos que optar entre duas coisas boas e nestes casos temos que aprender a estar em oração, em comunhão com o Espírito Santo, para tomar a melhor decisão. Devemos ter o cuidado de não sermos influenciados a fazer simplesmente o que todos estão fazendo. Temos que fazer o que Deus particularmente tem nos direcionado.
Precisamos também nos lembrar que as mesmas coisas que eram importantes pra Jesus, devem ser importantes pra nós. Se alguma recebia uma grande atenção Dele, isso também tem de receber uma grande atenção nossa. A paz emocional começa quando mantemos nossos objetivos estabelecidos por todo o tempo. Dedicar a Deus os primeiros momentos de nossa manhã nos ajuda a manter as prioridades durante todo o dia. E quando fazemos isso, utilizamos e desfrutamos melhor os nossos dias.
Sejamos honestos conosco mesmo, em relação ao que realmente é prioridade. Deus tem que ser e estar em primeiro lugar em todas as áreas de nossa vida. Se Ele não estiver, temos que fazer algumas mudanças imediatamente.
Numa aula de Filosofia, o Professor queria demonstrar um conceito aos seus alunos. Para tanto, ele pegou um vaso de boca larga e dentro colocou, primeiramente, algumas pedras grandes. Então perguntou a classe: – Está cheio?
Pelo que viam, o vaso estava repleto, por isso, os alunos, unanimemente responderam: — Sim!
O professor então pegou um balde de pedregulhos e virou dentro do vaso. Os pequenos pedregulhos se alojaram nos espaços entre as pedras grandes. Então ele perguntou aos alunos: — E agora, está cheio?
Desta vez, alguns estavam hesitantes, mas a maioria respondeu: — Sim!
Continuando, o professor levantou uma lata de areia e começou a derramar a areia dentro do vaso. A areia preencheu os espaços entre as pedras e os pedregulhos.
E, pela terceira vez, o professor perguntou: — Então, está cheio?
Agora, a maioria dos alunos estava receosa, mas, novamente muitos responderam: — Sim!
Finalmente, o professor pegou um jarro com água e despejou o líquido dentro do vaso. A água encharcou e saturou a areia. Neste ponto, o professor perguntou para a classe: — Qual o objetivo desta demonstração?
Um jovem e “brilhante” aluno levantou a mão e respondeu: — Não importa quanto a “agenda” da vida de alguém esteja cheia, ele sempre conseguira “espremer” dentro, mais coisas!
— Não exatamente! Respondeu o professor.
— O ponto é o seguinte: A menos que você, em primeiro lugar, coloque as pedras grandes dentro do vaso, nunca mais conseguirá colocá-las lá dentro. — As pedras grandes são as coisas realmente importantes de sua vida: sua vida espiritual, sua comunhão com Deus. Quando você dá prioridade a isso as demais coisas se ajustarão por si só: seus relacionamentos (família, amigos), suas obrigações (profissão, afazeres), seus bens e direitos materiais e todas as demais coisas menores que completam a vida. Mas, se você preencher sua vida somente com as coisas pequenas, então aquelas que são realmente importantes, nunca terão espaço em sua vida.
Que tal recomeçar agora. Esvazie seu vaso e comece a preenchê-los com as pedras grandes. Ainda há tempo e ainda é tempo.
Deus promete que quando colocamos Ele e o seu reino em primeiro lugar, buscando-o para fazermos tudo que Ele quer, teremos grande sucesso na realização e as coisas necessárias para vivermos nesse mundo nos serão dadas. (Mateus 6:33)
Então, o que é importante pra Deus? Busque o Senhor para que Ele te mostre quais devem ser suas prioridades. Peça a Ele para te ajudar a organizar suas necessidades e, então, todas as coisas que são importantes pra Ele, serão as mais importantes pra você!
Que Deus nos ajude, a perseverarmos em nossos objetivos.